sexta-feira, 19 de junho de 2009

o fim.

''Mas o mais fantástico era nossa pedreira de gesso. um buraco gigantesco no meio da mata. quase um quilômetro de comprimento sobre duzentos de largura e cerca de cem metros de profundidade. paredes verticais. embaixo, no fundo, era agradável, não havia vento, e nasciam plantas que não víamos em nenhuma outra parte. este vale das maravilhas era cortado por riachos cristalinos, cascatas brotavam da muralha. a água escura enferrujava as rochas brancas. o chão estava coberto de pedaços de pedra branca que pareciam ossos de animais pré-históricos.. e olhe lá se não eram verdadeiros ossos de mamute. essas escavadoras gigantescas, e os tapetes rolantes que faziam durante toda a semana uma confusão geral, pareciam, no domingo, imóveis e silenciosos há séculos. o gesso os vestira de branco.
Estávamos absolutamente sós. separados do mundo exterior por abruptas muralhas brancas. nenhum barulho chegava até nós. não ouvíamos nenhum barulho a não ser o das cascatas.
decidimos comprar a pedreira no dia em que ela não estivesse mais sendo explorada. nós nos instalaríamos no fundo. construiríamos cabanas, plantaríamos um imenso jardim, criaríamos animais, e dinamitaríamos o único caminho que leva a superfície.
De qualquer forma, não tínhamos nenhuma vontade de voltar lá pra cima.''